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Oficleide

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Na segunda década do século XXI, enquanto o Sul do Brasil naufragava em um dilúvio sem precedentes, os rios do Norte secavam até esturricar o solo que lhes servia de leito. Como tantos outros ribeirinhos, Anastácio tirava o sustento das águas de um afluente do Rio Negro. Agora, peregrinava a pé enxuto buscando o que restara da imensidão do rio: um fiapo barrento que minguava paulatinamente. Arrastava-se debaixo de um sol escaldante, machucando os pés calçados com velhas chinelas nas pedras expostas. Caminhava e amaldiçoava sua sina. Em casa, esposa e três curumins dependiam de sua habilidade em trazer o peixe que os manteria vivos por mais uma noite. Daquela vez foi diferente. Distraído, mirando a margem sempre distante, tropeçou feio, ferindo o dedo maior do pé direito. Maldisse seu azar numa explosão de impropérios. Ajoelhou-se para atar o ferimento com um farrapo arrancado da camisa puída, doação da paróquia local. Ao abaixar-se notou o ponto onde dera a topada, facilmente identific...