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Atalaia

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Esta é uma obra de ficção baseada em eventos históricos, concebida como forma de homenagear a cidade do Rio de Janeiro no mês do seu aniversário. O sol nasce mais uma vez sobre a Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro. Já perdi a conta dos dias e noites que fiquei de vigia sobre esse monte, velando pelas almas que se espalham a perder de vista. Essa fortaleza – a da Conceição – onde agora me encontro, foi erguida em função dos acontecimentos terríveis que afligiram essa freguesia no Ano da Graça de Nosso Senhor de 1711. — Casa arrombada, trancas à porta, não é o que diz a voz do povo? Se tivesse sido construída ao menos um ano antes tudo teria sido diferente e tantas vidas poderiam ter sido poupadas. Como a de João Antônio, meu pai. Éramos em cinco. Ele, minha mãe, duas irmãs e esse que vos fala. Vivia-se bem, com as rendas que o pequeno comércio da família produzia. Morávamos na Rua da Quitanda, próximo ao cruzamento que fazia com a Rua do Gadelha, num sobrado erguido a muito custo e...

Festa de Aniversário

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Depois de alguns anos morando num bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro eu praticamente esquecera os estranhos eventos que ocorreram quando eu recém me mudara para lá (ver  A Árvore dos Colchões ). Ao final do contrato de locação, o reajuste tornou meus vencimentos incompatíveis com o novo valor do aluguel e precisei mudar novamente. Após intensas pesquisas, encontrei um apartamento na Zona Sul da Zona Norte (quem conhece o Rio sabe de qual bairro estou falando), amplo, arejado e por um valor inacreditavelmente baixo. Diz o ditado que "quando a esmola é muita o santo desconfia". Talvez por não ser santo não desconfiei e até me considerei afortunado por ter descoberto aquela pechincha tão bem localizada. Depois da mudança levei um tempo desencaixotando as coisas, por isso sei que fazia pouco tempo que morava lá quando tudo aconteceu. Devia ser umas três da tarde de um domingo quando tocou a campainha. Achei estranho. A regra era que o porteiro interfonasse para saber se podia d...

A árvore dos colchões

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Faz alguns anos, fui aprovado num concurso público e precisei sair da minha cidade natal para tomar posse  no Rio de Janeiro. Morei por um ano num pequeno apartamento mobiliado em Santa Tereza para depois alugar um outro, maior, num bairro da Zona Sul - do qual prefiro omitir o nome para garantir a privacidade dos envolvidos. Eu vinha do interior do Rio Grande do Sul e não estava acostumado com a vida numa cidade grande. Demorei um pouco para assimilar vários costumes cariocas, de modo que a princípio julguei que os estranhos fatos que presenciei fossem apenas manifestações naturais de um estilo de vida diferente do meu. Explico. O apartamento da Zona Sul era relativamente próximo ao local onde trabalhava, então eu ia a pé até a repartição para fazer um pouco de exercício. No caminho havia uma praça, muito antiga, com um chafariz de ferro fundido importado da França no final do século XIX. Sempre que passava por ali encontrava alguns idosos p...