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Refeição Indigesta

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Olá, eu sou a Morte. Não se assuste! Não estou aqui por sua causa, pelo menos não nesse momento. Pode parecer estranho, mas vim fazer um apelo. Acompanho a humanidade desde que o mundo é mundo e sempre desempenhei minhas funções com zelo e galhardia. Infelizmente, de uns tempos para cá, está ficando cada vez mais penoso cumprir minha missão. Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não tenho qualquer relação com as mazelas que assolam o plano material. Essa responsabilidade é vossa, humanos! Meu trabalho é única e exclusivamente fazer a colheita das almas desencarnadas e encaminhá-las ao seu destino na eternidade. Nem preciso dizer o quanto a quantidade assombrosa de óbitos oriundos de causas não naturais tem me sobrecarregado nos últimos séculos. Para se ter uma ideia, no início dos tempos meu gadanho durava umas quatro gerações, com folga. Agora, nem sei se consigo manter o atual até o final do ano. Tudo isso para dizer que vós, humanos, precisam parar com a matança generalizad...

Contando ninguém acredita

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Nunca é fácil lidar com a perda de um ente querido e cada pessoa tem sua forma particular de expressar os sentimentos nesse momento singular, em que a existência se depara com a finitude. Que dizer de uma mãe que perde um filho? Ou de uma viúva que precisa lidar com a herança deixada pelo marido? E o que fazer quando somos instados a estar presentes pelo dever da solidariedade? Essa coletânea traz três contos que abordam temas delicados, mas não por isso menos importantes, com leveza e bom humor. São estórias baseadas em fatos reais, por mais incrível que pareça. Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha Transmitindo em todas as frequências Numa pequena cidade da Região Sul do País viviam Seu Hélio e Dona Maria. Eram pessoas simples, batalhadoras, que trabalhavam muito para sustentar cinco filhos com dignidade. Dentro do possível, levavam um vida tranquila, quando, inesperadamente, a cegonha avisou que viria visitá-los novamente. Levaram um tremendo susto! Estavam já com certa idade e não ...

Sépia

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Era inverno e o dia estava lindo, com um céu azul para brigadeiro algum botar defeito. Para Vicente, que acompanhava o sepultamento de Jacinto, um amigo vitimado por um acidente, isso não estava certo. Em sua mente enterros deveriam, obrigatoriamente, ocorrer em dias nublados, de preferência com uma chuva fina a encharcar os casacos dos homens e os chapéus das mulheres. Mas enfim, fazer o quê se o tempo não queria colaborar. A cerimônia já havia terminado e algumas pessoas permaneciam conversando entre si, lamentando a perda tão precoce daquele jovem promissor. Vicente estava chateado, é claro, mas suportara bem o golpe da fatalidade. Regulava em idade com o falecido, do qual era próximo e de quem sentia muita falta. Sorriu de lado ao recordar algumas passagens impublicáveis, todas elas envolvendo rabos de saia, que vivera com o amigo. Enquanto tirava um cisco do olho reparou em algo que chamou sua atenção. Uma lápide de granito bastante antiga, na qual se destacava a fotografia de uma...
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Via de regra a arte tumular se pauta pela representação da dor, da saudade e da tristeza como forma de transmitir os sentimentos dos que ficam em relação aos que partem dessa vida para a melhor. Nesse sentido, entendemos que o artista foi particularmente feliz - se é que se pode utilizar essa palavra nesse contexto - ao esculpir essa figura que adorna um monumento funerário no Cemitério Municipal de Bananal, no interior de São Paulo. Detalhe de um monumento fúnebre em Bananal - SP A delicadez dos traços da jovem, seu semblante melancólico e sua postura quase relaxada nos remetem com maestria ao sentimento pungente de quem sofreu uma grande perda. Para ver essa e outras imagens de arte tumular visite nosso perfil no Instagram:  Memento Mori Brasil

Ouro Preto

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A caveira com os ossos cruzados é um alerta com diferentes significados, de acordo com o contexto em que é utilizado: pode significar veneno, perigo, é o símbolo dos piratas e assim por diante. Portão do cemitério São Francisco de Assis, em Ouro Preto No âmbito da arte tumular é um "memento mori" por excelência. Tanto indica que se trata de um local de descanso eterno quanto convida os visitantes a refletirem sobre a sua própria transitoriedade na terra. A imagem foi obtida durante uma visita que fizemos a Igreja de São Franciso em novembro de 2014. Para ver essa e outras imagens de arte tumular visite nosso perfil no Instagram:  Memento Mori Brasil

O Ceifador de Almas

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O Ceifador de Almas   Essa impressionante estátua é parte de um mausoléu localizado no Cementerio Central de Montevido,  no Uruguai. É uma das inúmeras formas de retratar a morte, que vem recolher as almas dos falecidos para conduzi-las ao descanso eterno. O registro é de outubro de 2016, durante nossa passagem pela capital uruguaia. Para ver essa e outras imagens de arte tumular visite nosso perfil no Instagram:  Memento Mori Brasil

Susto no cemitério não assombrado

Para dar início aos causos que irão povoar as telas desse blog, selecionei uma história verídica, ocorrida na década de 70 do século passado. Antes de mais nada é preciso dizer que já fomos católicos apostólicos romanos devotos - inclusive fomos coroinha. Isso para explicar porque nessa ocasião estávamos numa antiga casa de retiro, localizada na zona rural da Grande Porto Alegre. Nessa época era comum reunir grupos de jovens durante um final de semana para meditar e receber orientação espiritual num local afastado. Essa casa em particular pertencia a uma ordem religiosa e ficava numa enorme propriedade, cercada por um jardim e relativamente isolada, oferecendo o silêncio e recolhimento que a ocasião ensejava. É preciso dizer que nessa época ela abrigava também um retiro para os membros idosos da fraternidade, que ali viviam em paz seus últimos momentos antes de se juntar ao Criador. Eu já conhecia o lugar e até tinha meus recantos favoritos, mas dessa vez um dos monitores - sabe-se lá ...