A criança na carroça

Esse causo era contado por minha tia, que atualmente já se encontra do outro lado da existência, criando suas próprias histórias de assombração. No início do século XX, meu avô - pai da minha tia - tinha um armazém de secos e molhados no atual bairro Alto Petrópolis, em Porto Alegre. O armazém ficava na parte mais alta de uma grande subida e era ponto de parada dos carreteiros que transportavam mercadorias para os lados da Chácara das Pedras e até para as bandas do Passo do Sabão, já em terras do Arraial de Viamão. Naquela época era comum que o mesmo prédio abrigasse o comércio e a residência do comerciante. Também não havia creches e a frequência na escola não era obrigatória, de modo que meus tios e tias foram alfabetizados em casa. Por tudo isso era normal que estivessem sempre juntos, brincando entre as prateleiras. Certo dia um dos tantos carreteiros que costumavam parar por ali para dar uma folga aos animais - e molhar a goela com um trago de água que passarinho não bebe - ...