Dia confuso

Hoje foi um dia confuso. Lembro de acordar cedo porque tinha uma entrevista de emprego. Vesti minha melhor camisa - a única que não tem os punhos puídos - e saí apressado, carregando uma pasta preta com meu currículo e outros documentos. Agora é noite e estou sozinho nesse ônibus que não sei para onde vai. — Onde está a minha pasta? - pergunto em voz alta. O motorista não se digna a responder. Parto do princípio que ele não teria como saber. Devo tê-la deixado cair. Procuro embaixo dos bancos e nada. De joelhos no corredor, olho para cima e flagro o condutor me vigiando através do retrovisor. Fico arrepiado sem saber por quê. De volta ao assento, respiro fundo para conter a agitação que me domina. Analiso atentamente os detalhes ao redor. Nada há de especial. O carro parece novo. É um daqueles modelos que aparecem nas propagandas da prefeitura. Ainda está inteiro, mas em breve algum vândalo há de mudar isso. Esforço-me para refazer os passos que me trouxeram até aqui. Minha c...