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Lenda urbana

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Por mais adulta e independente que seja uma pessoa, a perda de um dos genitores sempre deixa um gosto amargo de orfandade. Quando meu pai morreu eu estava longe e, a princípio, aceitei a notícia com serenidade. Senti a exata noção da perda apenas ao receber pelo correio diversos pertences pessoais do velho enviados por minha irmã, os quais lhe pareceu que seriam de meu interesse. Aberta a caixa, revelou-se uma coleção de coisas que só se encontram no Rio Grande do Sul, meu torrão natal: boina campeira, guaiaca, bombacha, faca de churrasco e um sortimento de tralhas diversas. Pedaços de lembranças que guardo até hoje. Ela aproveitou a ocasião para remeter também itens que eu havia deixado ao me mudar para o Rio de Janeiro e que agora só ocupavam espaço no apartamento de nossa mãe. Os cacarecos eram de outra espécie, adequados a uma infância bem vivida naqueles idos tempos de brincadeiras analógicas: time de botão, chimpa para o jogo de tampinhas, álbum de história natural, figurinhas de...